Nasceu incompleto, parecia a quem não conhecia um ser humano completo, mas algo lhe faltava, algo que todos possuem, a capacidade de mentir ou omitir. Ele não. So conseguia dizer a verdade. E alguns podem pensar, em como isso é bom. Mas imagine você, se toda pessoa que lhe perguntar o que você acha dela, você lhe disser a verdade mais pura e simples. Para algumas acredito, poderia ser algo bom, posso citar uma amiga loirinha que possuo, a moçinha é especial, seriam só elogios. Mas veja você, que quando for também alguém que desaprova, você sem controle iria dizer: "Você é incrivelmente chata e feia" , isso sendo bonzinho. Pois é, ele nasceu assim, sem poder mentir. Chamarei, a ele, por homenagem a um grande diretor, o Tim Burton, irei chama-lo de Edward. E a principio, enquanto crescia, sofria sem entender. Sofria, por que via as pessoas ao seu redor afastando de si. Seus supostos amigos, suas namoradas. Todos o deixavam após um tempo. Por que neste mundo, não queremos ouvir sempre a verdade, queremos ouvir o que nos convêm. Quando adolescente, como todo adolescente, revoltou-se, usou drogas, usou e abusou de bebidas, tentou suícidio, cometeu as loucuras mais inimaginaveis. E quando por fim se fez adulto, isolou-se. Fechou em seu peito todos os sentimentos. Ignorava as pessoas, e quando não podia se desviar de um assunto, de uma conversa, soltava a voz, já cheio de odio, dizendo o que pensava em forma de chingamento, mesmo quando poderia ser um elogio a ser feito. Pobre Edward, não tinha as mãos de tesoura, mas igualmente é incompreendido. E neste país, neste mundo, em que todos somos diferentes, mas ainda assim todos temos que nos enquadrar no que a sociedade nos pede, seu ser só conseguia sofrer. Emprego não arrumava. Afinal, que patrão quer ouvir, ao perguntar de um projeto, que o projeto é o mais idiota do qual já tiveram idéia? Não tinha namorada, nenhuma que pergunta, estou gorda amor? Quer ouvir um : Esta sim, extremamente por sinal. E quando por fim, a única pessoa com quem ainda vivia, sua mãe, morreu, resolveu terminar com sua vida; mas por medo talvez, por receio, não queria morrer de uma única vez. Pensou então em outro filme que havia visto. Despedida em Las Vegas. E tal qual o personagem, decidiu se embriagar até morrer. Não amigos e amigas; não tolamente de cirrose. Pensava em um coma álcoolico isolado em um quarto de hotel. E vos digo. Quase conseguiu, não fosse o fato, de que um funcionário do hotel abriu o quarto do hotel, para realizar a limpeza. E antes que a morte lhe atingisse, foi levado em uma ambulância. A primeira coisa que viu, foram os olhos de uma bela mulher. E desmaiou de novo. Quando conseguiu se manter de pé, a mulher ainda estava lá. Descobriu então, que esta o havia salvado, era a médica de plantão que o atendera. A principio, como não haviam perguntas pessoais, que pudessem causar embaraço, respondeu e conversou com a médica. Mas como bem sabia, em algum momento, iria ela perguntar-lhe coisas pessoais, mesmo por obrigação, ela iria perguntar-lhe por que do ato que o levou ali, procurando delimitar o risco de vida do paciente. E dito e feito, ela começou as perguntas pessoais. E ele incapazaz de mentir expôs todo seu problema, chorou, chingou. Tentou levantar e correr. Não conseguiu. Preso, atordoado, se humilhava diante dela. O que não sabia, é que ela também nascera incompleta. Como ele não tinha nenhum defeito físico. Ao contrário, era bela. O problema, é que em oposição a ele, ela nunca conseguia dizer a verdade. Sempre mentia. Conseguira se tornar médica (e chamaremos a ela de Olivia), pois, Olivia se tornara médica, por que com muito audácia, provou que poderia salvar vidas, poderia fazer cirurgias, o que nunca poderia, era diagnosticar, ou dar um parecer a um paciente. Realizando uma operação, não precisava falar, mas se em consultório, chamava a um auxiliar para ajudá-la. Como ele, ela sofrera muito na vida, mas nunca deu o braço a torcer. Levantou-se a cada tombo. Procurou em si o melhor, e deu ao mundo muitas alegrias. E assim, sem esperar, ali, em um ambiente inóspito, descobriram um ao outro. E um no outro, aquilo que lhes faltava. Deram-se as mãos, e olhos nos olhos, sabiam, tinham certeza, finalmente, poderiam descansar e encontrar a paz, que tanto buscavam no amor que os havia dominado.
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Now playing: Aerosmith - What It Takes
via FoxyTunes
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Um comentário:
Profundo,
Gostei bastante!
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